terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os Gays e a Mackenzie

Tudo bem. Tinha prometido para mim mesmo que por um bom tempo não usaria mais este blog (ou qualquer outro espaço) para divulgar protestos contra posturas incompatíveis com princípios básicos de civilidade.

Não, não vou falar sobre o jornalista da RBS TV (afiliada da GLOBO) daqui (em SC, sr. Prates) que culpa o governo (Lula, claro) por possibilitar que qualquer pessoa (não foi bem essa a palavra usada) compre um carro e, por isso, os acidentes aumentam. Até poderia escrever sobre isso, mas me falta ânimo. Apesar disso, estou mais uma vez chocado com outras manifestações cretinas que surgem diariamente.

A bola da vez foi a divulgação de uma nota assinada pelo Reitor (Chanceler) da Universidade Mackenzie (SP) contra a aprovação de um Projeto de Lei da Câmara (PLC 122/2006) que propõe a criminalização da homofobia. Em rápidas palavras, a nota do tal Chanceler afirma que pregar contra a prática do "homossexualismo" (palavra com sufixo não mais utilizado por relacionar a homossexualidade a uma doença) é um direito. Mais ainda, um direito garantido pela Constituição (não sei qual). Mais ainda mais ainda, diz que o reconhecimento da união homoafetiva, a adoção, a concessão de pensões e a divisão patrimonial entre pessoas do mesmo sexo não observam "o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente". Que m... é essa??? Até a OAB manifestou-se contra o absurdo da nota!!! Sim... Digo "até" porque atualmente tenho arrepios quando a OAB manifesta-se sobre qualquer coisa.

Eu, sinceramente, não acredito que lei alguma resolva coisa qualquer, mas respeito os que entendem que a lei serve como instrumento de luta na construção de uma sociedade mais justa. As manifestações homofóbicas estão nas primeiras páginas dos jornais, todos os dias. É preciso fazer algo. A violência tem que ser combatida por todos aqueles que acreditam na supremacia da razão. Papinho moderno fora de moda?!?!? Pode até ser, mas acredito que ainda tenha alguma utilidade. Logo abaixo o link com a notícia no UOL.
notícia UOL

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Machismo no Judiciário???

Será?!?!?! O CNJ afastou um Juiz de Minas Gerais acusado de machismo. Pelas notícias publicadas em diversos jornais e portais de notícias na internet, o magistrado iniciou uma “guerra santa” contra a Lei Maria da Penha. As frases noticiadas não são apenas lamentáveis, mas realmente dignas de punição (ou de internação, sei lá...). É incrível o que algumas pessoas conseguem falar (ou escrever).
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/cnj+afasta+juiz+contrario+a+lei+maria+da+penha/n1237823304769.html

domingo, 7 de novembro de 2010

Civilização ou barbárie

Artigo de Emir Sader publicado em seu Blog. Em tempos de manifestações obscuras em vários lugares do Brasil e do mundo, uma boa leitura.

Civilização ou barbárie

Esse é o lema predominante no capitalismo contemporâneo. Universalizado a partir da Europa ocidental, o capitalismo desqualificou a todas outras civilizações como ‘bárbaras”. A ponto que, como denuncia em um livro fundamental, Orientalismo, Edward Said, o Ocidente forjou uma noção de Oriente, que amalgama tudo o que não é Ocidente: mundo árabe, japonês, chinês, indiano, africano, etc. etc. Fizeram Ocidente sinônimo de civilização e Oriente, o resto, idêntico a barbárie.

No cinema, na literatura, nos discursos, civilização é identificada com a civilização da Europa ocidental – a que se acrescentou a dos EUA posteriormente. Brancos, cristãos, anglo-saxões, protestantes – sinônimo de civilizados. Foram o eixo da colonização da periferia, a quem queriam trazer sua “civilização”. Foram colonizadores e imperialistas.

Os EUA se encarregaram de globalizar a visão racista do mundo, através de Hollywood. Os filmes de far west contavam como gesto de civilização as campanhas de extermínio das populações nativas nos EUA, em que o cow boy era chamado de “mocinho” e, automaticamente, os indígenas eram “bandidos, gestos que tiveram em John Wayne o “americano indômito”, na realidade a expressão do massacre das populações originárias.

Os filmes de guerra foram sempre contra outras etnias: asiáticos, árabes, negros, latinos. O país que protagonizou o mais massacre do século passado – a Alemanha nazista -, com o holocausto de judeus, comunistas, ciganos, foi sempre poupada pelos nortemamericanos, porque são iguais a eles – brancos, anglo-saxões, capitalistas, protestantes. O único grande filme sobre o nazismo foi feito pelo britânico Charles Chaplin – O grande ditador -, que teve que sair dos EUA antes mesmo do filme estrear, pelo clima insuportável que criaram contra ele.

Os países que supostamente encarnavam a “civilização” se engalfinharam nas duas guerras mundiais do século XX, pela repartição das colônias – do mundo bárbaro – entre si, em selvagens guerras interimperialistas.

Essa ideologia foi importada pela direita paulista, aquela que se expressou no “A questão social é questão de polícia”, do Washington Luis – como o FHC, carioca importado pela elite paulista -, derrubada pelo Getúlio e que passou a representar o anti-getulismo na politica brasileira. Tentaram retomar o poder em 1932 – como bem caracterizou o Lula, nada de revolução, um golpe, uma tentativa de contrarrevolução -, perderam e foram sucessivamente derrotados nas eleições de 1945, 1950, 1955. Quando ganharam, foi apelando para uma figura caricata de moralista, Jânio, que não durou meses na presidência.

Aí apelaram aos militares, para implantar sua civilização ao resto do país, a ferro e fogo. Foi o governo por excelência dessa elite. Paz sem povo – como o Serra prometia no campo: paz sem o MST.

Veio a redemocratização e essa direita se travestiu de neoliberal, de apologista da civilização do mercado, aquela em que, quem tem dinheiro tem acesso a bens, quem não tem, fica excluído. O reino do direito contra os direitos para todos.

Essa elite paulista nunca digeriu Getúlio, os direitos dos trabalhadores e seus sindicatos, se considerava a locomotiva do país, que arrastava vagões preguiçosos – como era a ideologia de 1932. Os trabalhadores nordestinos, expulsados dos seus estados pelo domínio dos latifundiários e dos coronéis, foi para construir a riqueza de São Paulo. Humilhados e ofendidos, aqueles “cabeças chatas” foram os heróis do progresso da industrialização paulista. Mas foram sempre discriminados, ridicularizados, excluídos, marginalizados.

Essa “raça” inferior a que aludiu Jorge Bornhausen, são os pobres, os negros, os nordestinos, os indígenas, como na Europa “civilizada” são os trabalhadores imigrantes. Massa que quando fica subordinada a eles, é explorada brutalmente, tornava invisível socialmente.

Mas quando se revela, elege e reelege seus lideres, se liberta dos coronéis, conquista direitos, com o avança da democratização – ai são diabolizadas, espezinhadas, tornadas culpadas pela derrota das elites brancas. Como agora, quando a candidatura da elite supostamente civilizada apelou para as explorações mais obscurantistas, para tentar recuperar o governo, que o povo tomou das suas mãos e entregou para lideres populares.

É que eles são a barbárie. São os que chegaram a estas terras jorrando sangue mediante a exploração das nossas riquezas, a escravidão e o extermínio das populações indígenas. Civilizados são os que governam para todos, que buscam convencer as pessoas com argumentos e propostas, que garantem os direitos de todos, que praticam a democracia. São os que estão construindo uma democracia com alma social – que o Brasil nunca tinha tido nas mãos desses supostos defensores da civilização.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

As eleições acabaram... muita calma nesta hora...

Dilma venceu. O projeto político do PT venceu. Lula venceu. Espero que todos tenhamos, de uma forma ou de outra, vencido com as Eleições 2010. Agora é esperar que o tempo possa apagar os recalques que surgiram com o resultado. Apesar disso, alguns absurdos precisam ser comentados:

Primeiro: O Brasil não ficou dividido com o resultado (muitos sites mostram o mapa eleitoral dividido em estados de cor vermelha e outros em azul e sugerem uam divisão). O Brasil sempre foi dividido entre aqueles que tudo ou nada têm, e um bando de gente entre os dois. O Brasil tem uma das piores distribuições de renda do mundo, o que permite que coexistam no mesmo país poucos (pouquíssimos) muito ricos e muitos (muitíssimos) pobres. Esta divisão não foi o governo Lula que inventou. Ela sempre existiu. Ao contrário, o governo Lula diminuiu o número de muitos pobres (ou miseráveis). Se os que querem que a renda seja dividida votam por este motivo... Ótimo!!! Aliás, melhor impossível.

Segundo: Uma série de reportagens e comentários sugerem que a responsabilidade maior pela eleição da Dilma foi das regiões norte e nordeste. Bom, estas regiões são as mais pobres do país, portanto, é natural que a melhoria do nível de renda e emprego de seus habitantes tenha reflexo direto na escolha do candidato (candidata, mais especificamente). Apesar disso, Dilma teria sido eleita mesmo sem contar os votos da região nordeste e norte, já que teve na região sudeste (isso mesmo, a mais rica e desenvolvida do país) mais de 1,6 milhões de votos de vantagem. Dilma perdeu nas regiões sul (por pouco mais de 656 mil votos) e centro-oeste (por pouco mais de 134 mil votos). Logo, a vantagem de Serra não seria suficiente para ganhar a eleição. Dilma perdeu em SP mas venceu com grande folga em MG e RJ.

Por último, as eleições são fundamentais em um modelo de democracia que ainda praticamos e acreditamos. Eleições não são rinhas de galo... Ou de vale tudo (se é que há alguma diferença com a rinha de galo com exceção dos contendores)... nâo é a força que deve ganhar, mas os argumentos... Não se deve fomentar o ódio e o revanchismo... Nas eleições devem ser discutidos projetos para o Brasil. O Brasil é um país formado por 5 regiões geográficas e que está crescendo de forma menos concentrada, o que, convenhamos, é melhor pra todo mundo.

Boa sorte Dilma, primeira mulher Presidente do Brasil!!!